É difícil fazer justiça a esse filme ridículo e maravilhoso. Descrever 2012
seria fazer com que ele se parecesse a todos os demais filmes épicos
sobre o fim do mundo a que já assistimos. E é fato. Trata-se de um
filme de Roland Emerich, e como tal muito parecido aos seus demais
trabalhos - Independence Day e O Dia Depois de Amanhã - que giram em torno de uma catástrofe mundial, épica, que começa.
Mas espere um pouco. Você já sabe como tudo começa: em uma salinha
qualquer, um cientista contempla a tela do computador e exclama: "Meu
Deus!"
Todo mundo já viu isso antes, mas isso não é exatamente verdade, no caso de 2012.
As pessoas falam sobre "fórmulas" sempre em tom pejorativo, mas as
fórmulas se tornam fórmulas exatamente porque funcionam, e há algo a
declarar em favor de um filme-fórmula que chega a uma modulação quase
perfeita.
Em 2012, Emmerich oferece aos espectadores tudo que eles esperam, mas em escala ainda maior.
Imagine um carro correndo por um bairro de Pasadena enquanto a rua e as
casas por trás dele despencam para o centro da Terra. Imagine um avião
decolando em uma pista que está ruindo e tendo de contornar em vôo os
edifícios em queda e um trem elevado arremessado dos trilhos. Imagine
imensos maremotos varrendo cidades costeiras inteiras, e eliminando
grandes marcos da paisagem.Agora imagine tudo isso duas vezes maior do
que imaginou da primeira vez.
É claro que 2012 causará risadas - eu mesmo ri, e rir é parte da experiência -, mas mesmo assim você não conseguirá desgrudar da cadeira.
Desta vez, é o núcleo da Terra que está se superaquecendo. Um cientista
do governo (Chiwetel Ejiofor), trabalhando em cooperação com um colega
na Índia, calcula que a crosta da Terra em breve se desestabilizará.
Continentes inteiros desaparecerão, e outras massas terrestres se
deslocarão por milhares de quilômetros em apenas um dia. Isso significa
morte garantida para bilhões e mais bilhões de pessoas (e animais), e o
fim do mundo em sua forma atual.
Não surpreende que o governo (sob o presidente Danny Glover) decida
ignorar a informação, e assim por muito tempo a audiência tem o prazer
de saber mais que os personagens. John Cusack interpreta Jackson, um
escritor de ficção científica que leva seus filhos ao parque de
Yellowstone mas descobre que seu lago favorito secou. Enquanto isso, a
Califórnia sofre uma série de terremotos bizarros e localizados. Em uma
cena inicial, espetacular, uma fenda que conduz ao centro da Terra se
abre no corredor de um supermercado.
Como a cadeia de restaurantes Kentucky Fried Chicken, Emmerich só faz
uma coisa, mas a faz muito bem.
Há momentos de humor negro muito bem
colocados, como quando o governador Arnold Schwarzenegger, de alguma
forma ainda no cargo (e interpretado por um sósia) anuncia que o pior
já passou - e tem seu pronunciamento interrompido pelo maior dos
terremotos. A cena de Cusack fugindo de carro com sua família enquanto
o mundo desaba será lembrada como uma das melhores sequências de
computação gráfica já produzidas.
Ao longo do caminho, Emmerich, co-autor do roteiro, com Harald Kloser (de O Dia Depois de Amanhã)
tenta criar um panorama da vida norte-americana, do burocrata durão do
governo (Oliver Platt) ao apresentador de rádio adepto de teorias
malucas de conspiração (Woody Harrelson). Mas ele exagera, em um caso:
a pequena subtrama sobre um velho músico (George Segal, ecoando o
trabalho de Judd Hirsch em Independence Day) deveria ter sido cortada.
Para um filme de 158 minutos, porém, não há muita gordura. E embora seja verdade que o melhor de 2012
seja a primeira metade, essa primeira metade é incrivelmente
satisfatória, e a segunda não decai muito. Os personagens de Emmerich
podem ser caricatos, mas o elenco é bem escalado e a presença de atores
de quem gostamos nas cenas de perigo torna os efeitos especiais mais
efetivos. Afinal, ninguém deseja ver Amanda Peet e John Cusack tragados
pela Terra, não é?
Ao mesmo tempo, 2012 é um filme
leve, com pouca introspecção e um tom otimista que não parece se abater
apesar do massacre de cerca de sete bilhões de pessoas. É ridículo, mas
interessante, porque talvez sinalize uma virada cultural. Nos sete anos
posteriores ao 11 de setembro, tivemos muitos filmes que descreveram
caos cívico e destruição, e eles eram sempre pessimistas ou ao menos
cautelares. (Mesmo O Dia Depois de Amanhã falava sobre a ameaça do aquecimento global).
Naquele período, no contexto de um filme tolo de ação, não seria
possível mostrar a destruição de um marco da vida norte-americana. As
pessoas não aceitariam.
Apenas uma audiência que se sinta invulnerável poderá apreciar, nas
telas, a destruição generalizada de sua civilização, e sem tomar a
ideia como ameaça. As nuvens se dispersaram. Agora estamos de novo
seguros para sermos felizes e tolos.
2012 pode ser o primeiro filme pós-11 de setembro produzido em Hollywood.
texto do "The New York Times"
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Pois é galera, estarei na seção das 22:45 aqui em São José do Rio Preto. Ansioso para ver esse filme!
uiiiiiiiiiii e eu tambemmmmmmmm ! o/
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